Grupo de pesquisa ligado à linha de Comunicação e Política do Programa de Pós-graduação em Comunicação da Universidade Federal do Paraná.

Comunicação Eleitoral: sobre o que falamos?

Para início de conversa, seria interessante falar sobre o que estamos falando! Há cinco anos, quando criamos o Grupo de Pesquisa Comunicação Eleitoral, um dos temas que conversamos foi simplesmente: qual será o nome do nosso grupo? A dúvida vinha, justamente porque a área de comunicação política abrange uma gama de possibilidades de estudos e o termo “comunicação eleitoral” não era adotado como uma delas.

foto Elza Fiúza – ABr

foto Elza Fiúza – ABr

Justamente por isso, creio, optamos por esta nomenclatura: para dar visibilidade e assinalar com mais precisão o momento em que a sociedade está envolvida na escolha de seus representantes.
Portanto, os processos midiáticos que colaboram para o sucesso ou fracasso eleitoral são foco das nossas pesquisas. Neste sentido, estão envolvidos candidatos, candidatas; partidos; meios de comunicação de massa, individualizados e dirigidos veiculados em plataformas eletrônicas, impressas e digitais; conteúdo veiculado; códigos de comunicação utilizados, ações pós-eleitorais e atores como jornalistas e empresas jornalísticas. Aqui também, tornam-se fundamentais conceitos de comunicação, sociedade, representação e poder, pois não podemos afirmar que a comunicação por si só determina a eleição de um candidato. Outros fatores como a plataforma do partido, o contexto socioeconômico, personalidade do candidato, apoios e grupo de pressão contribuem entre as variáveis do período.
Os principais objetos empíricos de nossas análises são os conteúdos veiculados pelos meios de comunicação de massa a respeito dos processos eleitorais, tanto os produzidos pela elite política (propaganda eleitoral), quanto os que contemplam outros atores, como o jornalismo eleitoral. Por exemplo, o Horário Gratuito de Propaganda Eleitoral (HGPE), spots eleitorais, debates entre candidatos, produtos jornalísticos e produtos de comunicação partidária e governamental. Também se estabelece como objeto analítico os processos de interação, produção e recepção de conteúdos dos meios tradicionais e das redes sociais digitais.

 

Análise da Propaganda Eleitoral

Todo material de comunicação é composto por discursos que podem ser materializados de diversas formas: linguístico, imagético e sonoro, por exemplo. Entre nossos enfoques está o discurso verbal/linguístico veiculado em televisão durante os tradicionais programas do Horário Gratuito de Propaganda Eleitoral (HGPE). Selecionamos a televisão por ser o veículo por conter vários códigos entrelaçados para comunicar. Realizamos também pesquisas sobre os spots eleitorais e sobre rádio por sua penetração no território brasileiro. Temos como base teórica, neste sentido, interfaces com a Análise do Discurso e a Teoria da Argumentação.
O discurso das elites políticas abrange temáticas que acabam se repetindo nas eleições em uma agenda pautada por assuntos que catalogamos para realizar análise de conteúdo das campanhas. Com os resultados já publicados, podemos comparar conteúdos das candidaturas mencionando ênfases de cada uma, bem como propensão e posicionamento de proponentes e partidos. Outra abordagem é buscar os institutos de opinião, cruzando os temas de campanha com as demandas populacionais.
O CEL percorre outras fronteiras, além das brasileiras, e se dedica também a estudar o cenário latino em suas variações eleitorais. Resultados estão publicados no meu último livro sobre campanhas eleitorais para mulheres na América Latina, por exemplo, no nosso canal do youtube e em pesquisas desenvolvidas pelos doutores Sylvia Iasulaitis e Edgar Esquivel. Há muita similaridade entre os países e o diálogo com autores da região se faz fundamental para o aprofundamento das pesquisas.
A fronteira tênue entre a área de Comunicação e de Ciência Política faz com que muitas vezes nos perguntem tendências no eleitorado e razão do voto. Estes enfoques, por exemplo, não compõem nossa temática. O CEL se dedica a analisar, portanto, os processos de comunicação social envolvidos durante o período eleitoral, que ocorre a cada dois anos, bem como o contato entre eleitos e população após o pleito.
Muitas pesquisas já foram realizadas pelos integrantes do CEL e, aos poucos, estarão referenciadas e linkadas no site. Para início de conversa, aqui estamos, com uma vontade enorme de fazer dar certo e poder produzir mais conhecimento para fortalecer o debate acadêmico e público durante as eleições.
Boa leitura e espero que nosso trabalho contribua com o seu!

Por Luciana Panke (Pós-doutorado em Comunicação Política pela Universidade Autônoma Metropolitana- UAM –México sede Cuajimalpa. Líder do Grupo Comunicação Eleitoral e autora de diversos livros, capítulos e artigos científicos sobre o tema. )