Oito candidatos à Prefeitura de Curitiba assinaram na quinta-feira (18/08) a Carta Compromisso com a plataforma Programa Cidades Sustentáveis (PCS) em evento promovido pelo Movimento Nossa Curitiba, realizado no ISAE/FGV. O PCS oferece uma agenda completa de sustentabilidade para o município, alinhada aos Objetivos de Desenvolvimento Sustentável (ODS) das Nações Unidas e é constantemente atualizado. Este foi o primeiro evento oficial que reuniu os candidatos e candidatas em disputa em Curitiba.
A diretora do Movimento Nossa Curitiba Aparecida de Fátima Nogarolli destacou que a solenidade concretiza o diálogo com a sociedade civil. Ela convocou o candidato ou a candidata que vencer o pleito a se engajar no processo pelos próximos quatro anos com a oportunidade de compartilhar as informações da plataforma com a sociedade. Nessa mesma linha o também diretor Rafael Oliveira destacou que o programa permite que o gestor tome uma decisão mais informada.
Rafael Oliveira e Maria Aparecida Nogarolli
Coordenador executivo da Rede Nossa São Paulo e do PCS, Maurício Pereira referiu a vocação para o meio ambiente que Curitiba tem e lançou o desafio para candidatos e candidatas se inteirarem através da plataforma de planejamento em uma gestão sistêmica da cidade.
Maurício Pereira
William Machado, atleta membro da diretoria da Atletas pelo Brasil, foi enfático: “O maior desafio para Curitiba é se comparar com ela mesma: onde está hoje e onde pode chegar e como vai fazer isso.”
William Machado
Segundo o documento distribuído aos candidatos e candidatas e assessores, a partir das eleições municipais 2016 o PCS ingressa em uma nova etapa de prioridade à municipalização dos ODS no Brasil através da sustentabilidade. O PCS estabelece bases de monitoramento de políticas para a sociedade civil e compromete os governos com as mudanças necessárias para uma nova qualidade de vida em face das rápidas mudanças ambientais, tecnológicas e de urbanização com amplos impactos na vida social. O desafio é que as prefeituras equilibrem o desenvolvimento econômico com a sustentabilidade ambiental e a justiça social, por meio de uma governança transparente e democrática.
Estruturado em 12 eixos temáticos, o programa integra as diversas dimensões da sustentabilidade e fornece aos gestores uma plataforma de dados através de software criado para inserção de indicadores.
Falar de sustentabilidade é um obstáculo para os candidatos e candidatas, que não raro acabam enfocando generalidades e deixando de lado propostas planejadas no campo socioambiental. Confundem-se rotineiramente enxugamento de gastos e investimentos sociais como forma de dar sustentabilidade a planos de governo – uma ideia limitadora visto que apenas a economia não constrói um indicador de sustentabilidade.
Os oito candidatos presentes assinaram as cartas do PCS e dos pactos do Esporte e por uma Cidade Transparente. O candidato Requião Filho teve que se ausentar devido a compromissos, mas representante falou em seu nome.
No intuito de fomentar o debate, destacamos os principais pontos apresentados na solenidade nos discursos de três minutos:
Eloy Casagrande – coordenador de campanha na área de sustentabilidade (Requião Filho – Coligação Curitiba Justa e Sustentável – PMDB/Rede)
“O que mais representa a sustentabilidade é a educação, sem educação não alcançamos nada. A formação representa o que a gente quer para uma cidade melhor e para um país melhor. Curitiba está precisando melhorar a sua qualidade de projetos, por isso temos um programa voltado para a inovação e a associação com esporte é importantíssima para esta área.”
Tadeu Veneri (PT)
Sugeriu a criação de um Observatório das Cidades e a regulamentação no Estatuto das Cidades do Impacto de Vizinhança. “Temos que fazer com que os equipamentos públicos municipais sejam autossustentáveis, através da energia elétrica com células fotovoltaicas para produzir energia para os equipamentos públicos e fazer a regulação fundiária, pois não há como se falar em cidade democrática sem regularização fundiária, esses são pontos centrais para nós neste processo.”
Rafael Greca (coligação CURITIBA INOVAÇÃO E AMOR – PMN, PSDB, PSB, DEM, PTN, PSDC E PTdoB – PMN / PSDB / PSB / DEM / PTN / PSDC / PT do B)
“Assino esse documento sem medo de qualquer fiscalização sobre a futura gestão da cidade”, disse o candidato, concordando com os 12 eixos do PSC. “Uma cidade com nome de árvore, de semente de árvore, curi e tiba, muito pinhão, tem responsabilidade de buscar sempre o caminho da luz e do bem.”
Xênia Mello (coligação Frente de Esquerda – PSOL / PCB)
“Precisamos denunciar o mito da cidade modelo, em que as pessoas que vivem nas regiões periféricas, muitas vezes em regiões de vulnerabilidade social inclusive em relação ao meio ambiente, não têm acesso à cidade, a um transporte público justo, não tem acesso digno ao saneamento básico, à educação e aos equipamentos públicos.”
Maria Victoria (coligação RENOVA CURITIBA – PP / SD / PR / PMB / PHS / PRTB)
“Curitiba já foi considerada capital ecológica e precisa retomar o seu bom caminho de sustentabilidade, mas não sustentabilidade só no meio ambiente, sustentabilidade em tudo: educação, saúde, segurança, esporte.”
Ademar Pereira (PROS)
“Falar de sustentabilidade na cidade é uma obrigação de todo o cidadão, não só do poder público ou das entidades. E esse diálogo difícil não deveria ser assim. O que as cidades de grande porte como Curitiba produzem? Basicamente lixo e esgoto. E como é que se trata isso?”
Ney Leprevost (coligação CORRENTE DO BEM – PSC / PSD / PEN / PTC / PPL / PC do B / PSL)
“A sustentabilidade precisa ser a prioridade número 1 do próximo prefeito de Curitiba, seja ele quem for. O mundo em que nós vivemos está adoecido devido ao aquecimento global, às altas taxas de emissão de carbono e é preocupante para todos nós pensar o futuro da humanidade.”
Gustavo Fruet (coligação CURITIBA SEGUE EM FRENTE – PDT / PV / PTB / PRB / PPS)
“Reafirmo o compromisso assumido na eleição passada. Mais do que firmar um novo compromisso, quero deixar aqui hoje o relatório da gestão que cumprimos.” Em seu discurso destacou três pontos nas ações: sustentabilidade financeira, sustentabilidade ambiental e sustentabilidade social. Referiu projetos de mobilidade e monitoramento de qualidade do ar.
Texto: Josemari Quevedo, Mestre em Comunicação e Informação pela UFRGS na linha de Mediações e Representações Culturais e Políticas e Doutoranda no Programa de Pós-Graduação em Políticas Públicas da UFPR. Integrante do Grupo de Pesquisa em Comunicação Eleitoral da UFPR.
Fotografia: Maria Alexandra Nakid
