Grupo de pesquisa ligado à linha de Comunicação e Política do Programa de Pós-graduação em Comunicação da Universidade Federal do Paraná.

Uma prévia das eleições gerais do Reino Unido em 2017

A quase um mês das eleições gerais no Reino Unido da Grã-Bretanha e Irlanda do Norte, as eleições locais ocorridas em 4 de maio serviram como uma prévia para o pleito de 8 de junho, apontando para a vitória do Partido Conservador.

Estavam em disputa 4.851 cadeiras distribuídas em 88 conselhos municipais – 34 na Inglaterra, 32 na Escócia e 22 no País de Gales. Os conservadores ganharam 1.899 cadeiras, aumentando em 563 o número de assentos que detinham. O Partido Trabalhador perdeu 382 cadeiras, totalizando 1.152 assentos. O maior derrotado, contudo, foi o ultra-direitista UK Independence Party – UKIP (Partido de Independência do Reino Unido) que não elegeu nenhum conselheiro. O UKIP é o partido que detém o maior número de assentos do Reino Unido no Parlamento Europeu.

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Observando no contexto nacional, a distribuição de votos ficou assim: Partido Conservador: 38%, Partido Trabalhista: 27%, Liberal Democratas: 18%, e UKIP 5%. Esse cenário deve ser repetir, com poucas oscilações, nas eleições gerais marcadas para o dia 8 de junho, atingindo os objetivos da estratégia do Partido Conservador.

Desde 2011, uma lei do parlamento britânico diminuiu o tempo de mandato de 7 para 5 anos e instituiu a possibilidade de dissolução do Parlamento, antes uma prerrogativa real, se houve aprovação de dois terços dos membros da Casa dos Comuns.

Em uma estratégia um tanto ousada da atual primeira-ministra britânica, Theresa May, o Parlamento foi dissolvido em 03 de maio e eleições gerais convocadas para o dia 8 de junho. O Partido Conservador britânico já detém a maioria absoluta (número de parlamentares maior que o de todos os demais partidos juntos; são 330 contra 318) no Parlamento. A ideia é aumentar o número de cadeiras para o Partido Conservador, que, se vencer, estenderá seu governo até 2022 e não mais 2020, caso as eleições gerais não tivessem sido convocadas.

Com mais parlamentares, May terá mais poder para governar e lidar com questões delicadas no Reino Unido, como a saída da União Europeia. O Brexit enfrenta resistência por parte dos demais partidos britânicos e da população da Inglaterra e da maioria dos escoceses, que há anos vêm lutando pela independência e votaram pela permanência do Reino Unido no bloco (foram 62% dos votos pela permanência e 38 pela saída).

*Lucas Gandin