Grupo de pesquisa ligado à linha de Comunicação e Política do Programa de Pós-graduação em Comunicação da Universidade Federal do Paraná.

Relações governamentais éticas e transparentes podem resultar em melhores práticas políticas

Escola do Legislativo promoveu nesta terça-feira (04) palestras sobre “Relações Governamentais: perspectivas e tendências”. / Foto: Pedro de Oliveira/Alep.

A interlocução entre o governo, em suas diferentes instâncias, e os mais diversos setores da sociedade, foi debatida nesta terça-feira (3) no painel “Relações Governamentais: perspectivas e tendências”, promovido pela Escola do Legislativo da Assembleia Legislativa do Paraná. A atuação de representantes da sociedade civil organizada, de empresas e de outras instituições junto ao poder público é uma atividade que vem ganhando força no processo de elaboração de políticas públicas, mesmo não estando regulamentada, ainda, no país.

As ‘relações governamentais’ ganharam destaque nacional em sua forma deturpada, junto com os escândalos de corrupção que vieram à tona no país, nos últimos anos. No entanto, a atividade exercida de forma correta, técnica e ética nada tem a ver com a prática de ilícitos. A coordenadora pedagógica da Escola do Legislativo, Roberta Picussa, explica que o objetivo das palestras foi justamente esclarecer os agentes públicos e a população sobre o papel das relações governamentais no debate de propostas que beneficiem a sociedade. “Nós estamos vivendo um momento em que as denúncias de corrupção estão nos noticiários todos os dias e essa corrupção vem justamente de um mau relacionamento entre o setor público e o privado, um relacionamento equivocado entre os setores. As relações governamentais constituem uma atividade que procura trazer um novo perfil para esse relacionamento, que precisa existir de uma maneira ética, profissional e técnica”.

Segundo Juliano Griebeler, diretor de Relações Governamentais de uma empresa de consultoria, é preciso compreender que a “política pública não é exclusividade de ninguém” e que todos os agentes de uma sociedade precisam participar das discussões que resultam em medidas que impactam no dia a dia de todos.  Ao definir um conceito para relações governamentais, o especialista afasta o senso comum de que o “lobby” estaria associado necessariamente à ilicitude, ao crime. “Relações governamentais não é corrupção, não é tráfico de influências. É uma forma legítima de defender os interesses. O que a gente tem visto na mídia é a forma desvirtuada dessa atividade. A relação governamental busca de uma forma ética e transparente defender interesses e contribuir para políticas públicas melhores que sejam mais eficientes e que tenham uma participação de fato na sua construção”.

Para Felipe Salomão, relações institucionais de uma grande empresa e aluno do MBA em Relações Governamentais, a interlocução com o poder público precisa prezar pela transparência. “As relações governamentais também são uma ferramenta de transparência, em que as empresas colocam na mesa os seus interesses e procuram estruturar com argumentos, estudos, gráficos e dados o porquê daquele posicionamento. Essa relação com o governo tem que ser direta, limpa e transparente. As pessoas não podem ter medo de fazer isso acontecer, porque, muitas vezes, os dois – tanto empresa, quanto governo – estão buscando o bem comum, e no fundo uma parceria entre as duas áreas gera o bem comum”.

Já a coordenadora do Núcleo de Assuntos Legislativos da Federação das Indústrias do Estado do Paraná (Fiep), Letícia Rezende, defendeu a regulamentação da atividade, mas fez restrições a alguns trechos do projeto de lei nº 120/2007, que tramita na Câmara dos Deputados, em Brasília, para disciplinar a atividade de “lobby”. “A regulamentação é importante para a nossa profissão, mas que tipo de burocracia estaremos criando, dentro da nossa profissão, para exercer e fazer o que a gente já faz, com liberdade? ”, questionou.

Por: Kharina Guimarães.