Grupo de pesquisa ligado à linha de Comunicação e Política do Programa de Pós-graduação em Comunicação da Universidade Federal do Paraná.

Na UFPR, Boulos faz discurso crítico aos retrocessos e à “Disneylândia financeira” que virou o Brasil

Por: Bruno Nichols

Pré-candidato à presidência da República pelo PSOL, Guilherme Boulos participou de um debate na manhã desta segunda-feira (11) na Universidade Federal do Paraná. Ao público que lotou um dos anfiteatros do campus Reitoria, o coordenador nacional do MTST mostrou um discurso costurado entre críticas aos retrocessos sociais e defesa de uma política contra o militarismo e contra a “Disneylândia financeira” que virou o Brasil.

“Nós estamos falando aqui de enfrentar os bancos, a Disneylândia financeira que é o Brasil. Estamos falando aqui de taxar os mais ricos, de enfrentar uma série de tabus: desmilitarização, direito ao aborto, (trabalhar) uma política de respeito à diversidade sexual, a descriminalização de drogas”, ressaltou.

A conversa deu sequência a uma série de visitas que Boulos vem fazendo a universidades públicas do país com a intenção de apresentar as propostas da sua campanha. Aproveitando a tendência “apolítica” que tem sacudido o Brasil com o acúmulo de denúncias trazidas pela operação Lava Jato, o pré-candidato se posicionou ainda como fôlego de renovação ao Executivo do país. “Esse modelo de governabilidade se esgotou. O Brasil é ingovernável nesses termos. O que gerou a desconfiança das pessoas na política é exatamente isso, o fato de a política ter se tornado um balcão de negócios, onde quem ganha a eleição tem que barganhar”.

Na conversa que durou aproximadamente uma hora, Boulos também rebaixou a postura do Judiciário brasileiro, que, segundo ele, há muito tempo toma lado e partido. “Basta ver qual é o perfil da nossa população carcerária: pobre e negra. Basta ver qual é o perfil das execuções feitas pela polícia: jovem, negro e da periferia”, citou, corroborando dados do Atlas da Violência 2018, que, com base em números de 2016, revelou uma taxa de homicídios de negros duas vezes e meia superior à de não negros.

Pesquisa Datafolha deste domingo coloca Boulos em um patamar não muito competitivo. Em cenários distintos, o candidato pelo PSOL – um dos apadrinhados pelo ex-presidente Lula -tem intenção de votos variável entre 1% e 3%.