Grupo de pesquisa ligado à linha de Comunicação e Política do Programa de Pós-graduação em Comunicação da Universidade Federal do Paraná.

Mulheres na Política

MULHERES EM 2019

O ano de 2019 começou com uma sequência de notícias negativas, em termos econômicos, sociais, culturais, comportamentais e ambientais, trazendo desalento para aqueles que torciam pelo alvorecer de novos tempos, conduzidos pela esperança da renovação política. Tal esperança tem sido abalada pela percepção de que a renovação ficou na retórica, já que práticas políticas amorais / aéticas têm chegado às manchetes dos jornais brasileiros. E, nesse dia 08 de março, queremos destacar um aspecto que muito nos transtorna: o uso de candidatas-laranja por partidos políticos.
O escândalo veio à tona com denúncias que atingem o PSL, partido do presidente da República, com acusações de lançamento de candidatas sem potencial eleitoral, somente com o intuito de atingir as cotas de 30% de mulheres no cenário eleitoral. Ou seja, as cotas seriam meras formalidades burocráticas necessárias para viabilizar a vida partidária na corrida eleitoral. Mas o que é ruim torna-se pior quando se identifica que este mecanismo de minimização de diferenças se transforma num manancial de corrupção para lideranças partidárias (masculinas) que se apropriam da verba feminina para financiar apaniguados.
E, como proposta de resolução deste tipo de problema, deputados não propõem a investigação e punição exemplares dos envolvidos nesta forma de corrupção. Sugerem eliminar as cotas. Algo como se há laranjas podres no cesto, jogue-se o cesto inteiro.

MULHERES NA POLÍTICA

O Brasil é um dos piores países em termos de representatividade política feminina, ocupando a antepenúltima posição, na América Latina, em termos de menor representação parlamentar de mulheres, sendo que a esta representatividade está praticamente estabilizada desde a década de 1940. Ou seja, quase nada mudou nos últimos 70 anos!
Nas eleições de 2018 foram escolhidas 77 deputadas federais, contra 51 em 2014, um aumento de 50%. No Senado, que neste ano é renovado em dois terços de seus assentos, foram eleitas sete. Somadas à bancada atual, elas passam a representar 12 de um total de 81 cadeiras (15%) – um número que se mantém estável comparado à configuração anterior.
Assim, em 2019, as mulheres vão representar 15% das duas Casas Legislativas – cinco pontos percentuais a mais do que na legislação anterior. A porcentagem, ainda baixa, mantém o Brasil no rodapé de um ranking mundial de presença feminina em Parlamento. Atualmente, o país ocupa a 156ª posição na lista de 190 países. O levantamento é feito pela União Interparlamentar (IPU, na sigla em inglês, que abriga representantes eleitorais desses governos) e atualizado com dados eleitorais até setembro de 2018.
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MULHERES NA LUTA

Se há notícias ruins e cenários nefastos, há também a percepção de que a luta feminina por igualdade está mais forte do que nunca, com as mulheres (e também homens) manifestando sua indignação quanto a diferenças sociais e econômicas que não deveriam existir. Hoje, para onde quer que você olhe, há um manifesto, uma matéria, uma ação, demonstrando que para mais da metade da população mundial, a visibilidade feminina não é só uma questão de proporção populacional, é uma questão de vida ou morte.

Que o dia internacional da mulher sejam todos os dias do ano.

 

 

Referências

https://www.politize.com.br/mulheres-na-politica/

https://politica.estadao.com.br/noticias/geral,dia-da-mulher-no-congresso-brasil-e-vice-lanterna-em-listas-de-representacao-feminina,70002746442

https://noticias.uol.com.br/politica/eleicoes/2018/noticias/2018/10/08/mulheres-sao-15-do-novo-congresso-mas-indice-ainda-e-baixo.htm

https://brasil.elpais.com/brasil/2019/02/22/politica/1550852331_045158.html

https://www.terra.com.br/noticias/brasil/candidatas-laranjas-pesquisa-inedita-mostra-que-partidos-usaram-mais-mulheres-para-burlar-cotas-em-2018,ec569b1c768b49b24cd3d41dacf45103cbi02y4h.html